sexta-feira, 2 de julho de 2010

Visitando uma escola angolana

Em meio à turbulência da Copa do Mundo que, inacreditavelmente acontece aqui neste continente pela primeira vez, ao ritmo de trabalho cada vez mais intenso, ainda encontramos tempo para mergulhar um pouco na cultura, no modo de viver do povo deste país. Mesmo fazendo aqui um trabalho na área de qualificação profissional, não podíamos deixar de conhecer o sistema formal de ensino. Visitamos a escola 1029 ( as escolas aqui não têm nome e sim, número). É uma escola relativamente grande, com 1.500 alunos, cerca de 50 professores. Há 3 diretores: um administrativo, um pedagógico e um diretor geral. Não há coordenador pedagógico.
Pela manhã, estudam os alunos da 1ª à 6ª classe (equivalente ao nosso fundamental I). As turmas têm cerca de 45 a 60 alunos e um mesmo professor durante estes seis anos de ensino.
À tarde, estudam os alunos do ensino secundário, da 7ª à 9ª classe. Já há, neste caso, uma divisão de professores por disciplina. Os alunos, ao deixarem esta escola, vão fazer o ensino mediatizado, da 1ª à 2ª classe, correspondente ao nosso ensino médio.

domingo, 27 de junho de 2010

Retorno a Angola

Estamos de volta a Angola. O antigo trio: as três gatinhas elegantes agora é um quarteto: Imária, Marília, Soraya e Paloma. Ganhamos mais uma companheira de trabalho (Paloma) e, acima de tudo, uma grande amiga.
Após cinco meses estamos de volta a Luanda, esta cidade cheia de histórias, de gente bonita, colorida e alegre. Todo dia é um aprendizado diferente: de como conviver em grupo, respeitando as diferenças. Mas, nesta semana a saudade bateu forte. Saber que no Brasil, especialmente na Bahia, o forró está sendo tocado em todas as casas, em todos os bares, nas ruas, nas praças.Outra, família toda reunida, em festa... É duro, mas a gente aguenta!!!
Precisamos substituir o forró pela kizomba, urgente!!!! (Hahaha). Será que vamos dar conta???

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Viagem a Cabo Ledo



Final de semana fomos para Cabo Ledo. Até lá são 120 km de estradas belíssimas. De um lado, deserto; do outro, o mar. Cabo Ledo é um vilarejo e a praia fica um pouco mais distante. Selvagem, inóspita, com raros visitantes. Do vilarejo até lá só se chega de carro com tração nas quatro rodas. É adrenalina, pura emoção. Não me canso de agradecer a Deus por termos encontrado pessoas tão maravilhosas, brasileiros que aqui estão há bastante tempo, que se tornaram bons amigos e se predispõem a nos mostrar lugares encantadores de Angola. Lugares que muita gente que está aqui há bastante tempo ainda não teve a chance de conhecer. Passamos um sábado maravilhoso, tiramos fotos fantásticas. Os caranguejos andam livremente na praia, em grupos enormes. Ainda há lugares neste mundo onde a natureza se encontra preservada.
Resolvemos fazer um churrasco por lá. Foi algo nada menos que inusitado. O cardápio: carne sul-africana, queijo de cabra espanhol, azeite grego, petiscos portugueses, água mineral francesa e a cerveja, é claro, angolana (a cerveja e o chopp daqui são deliciosos). Não é porque somos esnobes(rs,rs,rs), é que aqui a maioria do que se consome é importado.
Como diz meu anônimo "amigo" Waldir: o descanso da guerreira!
Engraçado, tem gente que vem pra cá e não gosta. Tenho certeza que estas pessoas não encontraram por aqui a mesma coisa que nós... Estou a adorar Angola. Não só pelos passeios, mas pelo trabalho que estamos cá a realizar, pelo caldeirão cultural que este país representa e por tudo que tenho vivido e aprendido. Como diz minha amiga Marília: "Obrigada Senhor"!!!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A história do fósforo

Angola é um poço de contradições. Mesmo sendo um dos países que produz mais diamante no mundo, quase tudo que é consumido aqui vem de outros países: Brasil, Portugal,França, China... Portanto, se você gosta de um certo produto, entra no mercado e o encontra, trate de comprá-lo em quantidade, porque se corre o risco de passar um bom tempo sem tê-lo. Sem falar no preço. Aqui tudo é muito caro. As únicas coisas baratas que se acha aqui são bebida e gasolina. No entanto, para se comprar gasolina fica-se a noite toda numa fila. Os postos são estatais, não existe posto de gasolina de propriedade privada. Você quer entender o título? Nós passamos quase uma semana à procura de fósforos para comprar. Enquanto isso, até a água para fazer o cafezinho era esquentada no microondas. Ainda bem que fazemos as principais refeições fora! Bom, para relaxar um pouco, às vezes testamos nossos dotes culinários.

domingo, 1 de novembro de 2009

Ilha do Mussulo


Ilha do Mussulo. Foi lá onde passamos este dia de domingo.Em vários momentos me imaginei na Bahia, na Ilha de Itaparica. Estava cercada por amigos brasileiros que aqui vivem e trabalham e que nos ciceronearam neste maravilhoso passeio. Para se chegar à Ilha é preciso pegar um barco simples, pois não há um sistema  de transporte como o de ferryboat. Juro, porém, que é muito mais emocionante... Na ilha, no entanto, não se encontra a estrutura que há em Itaparica, mas as belezas naturais são semelhantes. E há vendedoras de roupas de praia por toda parte. Tudo muito colorido e alegre. Pensem num dia delicioso!!!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Uma biografia


Há uma angolana que trabalha conosco aqui " em casa ". Seu nome é Catarina, tem 23 anos, uma filha, é mãe solteira, tem o ensino médio completo, já tentou entrar na universidade por duas vezes e não conseguiu. Ela é nossa principal interlocutora para apreensão de conhecimentos dos mais diversos matizes. Falamos sobre a estrutura familiar angolana, sobre educação, sobre economia, moda... enfim, procuramos sugar todo dia um pouco de tudo. Catarina é uma ótima informante, adora conversar conosco. Num desses papos ela nos diz que pertence a uma família de dezesseis irmãos, filhos de um mesmo pai e quatro diferentes mães. Coisa comum aqui em Angola. Segundo ela, quanto mais filhos uma mulher tiver, mais segura ela estará que não ficará sem nenhum. Qual seria a explicação deste fato: devido à guerra, às feitiçarias e outras crenças e rituais, é comum uma mãe perder vários filhos em um curto espaço de tempo. Então, quanto mais filhos ela tiver...
Eu disse inicialmente que Catarina tentou entrar na universidade por duas vezes e não conseguiu. O sistema aqui ainda é mais perverso que o nosso. Setenta por cento das vagas nas universidades são destinadas aos filhos dos professores, funcionários... mesmo havendo um exame de seleção. E são pouquíssimas as universidades e cursos existentes. Aqueles que têm mais condições saem para estudar fora, principalmente em Portugal. E às vezes, quando voltam, não encontram emprego.
Bom, estamos somente há 15 dias aqui. Imagine o que ainda descobriremos até final de dezembro.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Emoções... emoções...

Hoje, talvez, tenha vivido os momentos mais emocionantes desde que cheguei aqui. Tivemos um encontro com os responsáveis por toda parte de saúde da empresa que nos contratou. Faz parte do nosso trabalho, aqui, pesquisar muito para que nosso resultado seja positivo. O que vi, sabia que existia apenas nos romances que li. As mulheres e homens angolanos, ainda hoje, passam pelo processo de circuncisão. Isto se dá, principalmente nas aldeias. A mesma faca que circuncisa um, faz o mesmo processo com mais cinquenta. Como convencer essas pessoas, que há séculos trazem hábitos culturais já arraigados, que o vírus HIV se dissemina de forma letal e sem piedade?
As pessoas que aqui fazem este trabalho têm todo o meu respeito e consideração. Não só pelo que fazem, mas da forma como fazem, respeitando a cultura local e, ao mesmo tempo, trazendo informações importantes para um povo que merece muito mais do que recebe.
Vale aqui ressaltar que não ouvimos hoje somente a respeito de HIV e SIDA, mas de todas as doenças sexualmente transmissíveis e que merecem ser comentadas e estudadas.
Mas este é um outro capítulo...